BlackBerry Pearl Flip: review

Se não fosse o monte de informações vazadas sobre o BlackBerry Pearl Flip 8220, ele seria uma surpresa. Não apenas por ser o primeiro BlackBerry no formato clamshell, mas pelo próprio fato de a RIM ter tomado essa direção, principalmente quando você olha para os outros novos aparelhos, com linhas clean, quase aerodinâmicas, e compara-os a esse tijolo de celular. Voltado para pessoas que estão comprando seu primeiro smartphone, o Pearl Flip tem lá sua graça.
Eu fui um crítico severo do design do Pearl Flip quando suas fotos saíram. E ele de fato se mostra o celular com o design mais desafiador da nova linha da RIM. É como se cada metade do aparelho viesse de um pool genético diferente. A metade de cima é preta brilhante (glossy) e de metal escovado (falso) – maravilhosamente moderno e bonito. A metade inferior parece ter saído da parte pobre da família – dá uma sensação de produto barato, com plástico tipo de brinquedo (em vermelho ou preto) que parece ser mais apropriado a celulares gratuitos. É totalmente incoerente – uma parte debaixo mais parecida com a de cima tornaria o telefone um objeto de desejo. Dito isso, ele passa uma impressão surpreendentemente boa ao ser manuseado, apesar de ser um balofo.

Comparado ao velho Pearl, ele difere de duas grandes maneiras quanto ao manuseio: o trackball fica em uma cavidade (para que o celular possa ser fechado), e as teclas são quase completamente niveladas (há uma curva palpável, difícil de ser notada). O sulco do trackball realmente funciona, segurando seu dedo enquanto você navega. As teclas niveladas fazem com que digitar com certa confiança seja mais difícil do que se elas fossem mais protuberantes, embora o teclado não seja de maneira alguma imprestável. Tudo depende mesmo de suas impressões a respeito do teclado SureType da RIM.

Sistema operacional (OS) e interface de uso (UI)
Além do fato de ser flip, a atualização mais significante do ponto de vista do usuário em relação ao Pearl original é o fato de vir instalado com o último BlackBerry OS e sua incrivelmente refinada Tron UI, como no BlackBerry Bold.

Graficamente, o OS é um grande avanço em relação à versão anterior, embora os elementos baseados em texto, como o e-mail e a agenda, pudessem ter melhorado mais nesse aspecto. Visualmente, ele fica bem na tela pequena do Pearl Flip, mas o celular realmente carece da potência de seus irmãos mais respeitáveis – ele é bem lento às vezes, e nós sofremos com slowdowns retardículos mais de uma vez. Por outro lado, tem um dos melhores tempos de inicialização que já vimos em um BlackBerry (embora os primeiros 30-45 segundos de seu despertar não sejam muito utilizáveis). Em geral, o novo BlackBerry OS é fácil de usar e bom de olhar.

Tela e multimídia
As capacidades multimídia do Pearl Flip não trazem novidades em relação aos outros novos BlackBerrys. Ele usa o reprodutor e a organização de mídia padrões do BlackBerry (mas, como no Bold, com um novo skin) que são competentes, mas bem genéricos – e não são tão agradáveis de usar como, digamos, um Zune. Os vídeos podem ser vistos perfeitamente na nítida tela de 320 x 240 – resolução boa para esse tipo de telefone. Irritante, porém, são os vídeos do YouTube, que, ao contrário dos carregados na memória, não se expandem para ocupar toda a tela – ficam na posição retrato. O Media Manager da Roxio ainda testa nossos nervos. A câmera de 2 MP e a gravação de vídeo são apenas OK – não é abismal, nem ótimo.

Browser e outros softwares
Sim, o browser de fato funciona bem melhor do que os pedaços de lixo que a RIM chamava de browsers na última geração de BlackBerrys. Ele realmente renderiza HTML corretamente! (Na maioria das vezes.) No entanto, mesmo em páginas em que o navegador faz tudo certo, você sofre com o hardware fraco; ele faz muito esforço para acompanhá-lo enquanto você tenta navegar na página que já foi carregada. Mesmo com Wi-Fi – não há 3G – ele pode ser terrivelmente lento, principalmente em sites com um monte de scripts rodando (Slate, por exemplo). O lag torna o zoom freqüentemente desagradável. Então, apesar de ser uma grande, grande melhora em relação à experiência anterior de navegação, a atual é limitada pela falta de poder de processamento.

O e-mail é o que você já espera em um BlackBerry – excelente – e, como no Bold, agora ele é todo em HTML. Vem ainda com os softwares habituais do BlackBerry – BrickBreaker, Maps (mas sem GPS), Office to Go, Voice Notes etc. –, assim como uma boa dose de clientes de mensagens instantâneas, do AIM ao Gtalk.

Conclusão
O celular da RIM mais voltado ao consumidor final, francamente, é o mais fraco da empresa. Usuários que pensam em comprar seu primeiro smartphone de verdade podem tomar uma decisão melhor depois de conferirem o novo Curve, que está em vias de ser lançado. E QWERTY > SureType, mesmo com o bom funcionamento do texto intuitivo da RIM.

Mas não é um aparelho ruim – comparado com a miríade de celulares toscos por aí, é excepcional. É um BlackBerry cheio de recursos que oferece ótimo e-mail, sólidas funções multimídia, navegação na web razoável e todos as outras características de um smartphone, como aplicativos. E definitivamente tem um tipo peculiar de personalidade. Assim, se você procura um smartphone compacto – talvez para o seu filho –, ele pode ser o Pearl Flip, já que a experiência com um BlackBerry continua a ser uma das melhores.

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