Atanção: o iPhone não é perfeito!

Não dá para negar que o iPhone é bonito, inovador, divertido de usar e o aparelho mais quente do mercado no momento, neste e em muitos outros países. Mas todo o “hype” (palavrinha em inglês difícil de traduzir. “Burburinho”, talvez) faz com que muita gente acredite que ele é perfeito. Nos EUA, chegaram a apelidá-lo de “Jesus Phone”, alegando que a expectativa pelo lançamento era maior do que a pela segunda vinda de Jesus Cristo.

A má notícia é que, por mais legal que o iPhone seja (e eu realmente acho ele o máximo, mas caro demais para mim), ele não é nem de longe perfeito. Não demorei muito para montar uma listinha de dez coisas que o iPhone não tem, mas que estão presentes em aparelhos muito mais baratos já no mercado. Antes de embarcar na onda e correr para uma loja para comprar o seu, leia, pare e pense. Algum destes recursos é importante? Se for, então o iPhone não é o aparelho para você.

Modem 3G: Ao contrário de muitos aparelhos no mercado, o iPhone não pode ser usado como um modem 3G quando plugado ao seu computador, seja via cabo ou Bluetooth. Este recurso é muito útil se você anda o dia todo com o notebook por aí: em uma cidade com cobertura 3G você passa a ter acesso rápido à internet em quase qualquer lugar, sem ter de ficar caçando o “hotspot” mais próximo. E usando o celular como modem, você tem uma coisa a menos para carregar na mala.

A limitação para isto está puramente no software, e parece ser resultado de uma política da AT&T (“operadora-mãe” do iPhone) nos EUA, que cobra US$ 30 além da mensalidade do plano por este “privilégio” (mas não no iPhone). Recentemente, um desenvolvedor criou um programinha batizado de NetShare que habilitava este compartilhamento de conexão e o colocou à venda na App Store, a loja de programas para o iPhone. Dias depois, o programa foi retirado da loja.

Transferência de arquivos via Bluetooth: Outra coisa útil e que faz falta. O Bluetooth no iPhone é “capado” e só pode ser usado para comunicação entre o aparelho e um headset. Uso muito este recurso para transferir pequenos arquivos do computador para o celular, trocar fotos tiradas com a câmera interna com amigos em viagens e enviar e receber cartões de visita. Alguém se lembra de quando isso era feito usando infra-vermelho nos Palm Pilot?

Pendrive: A maioria dos aparelhos com expansão de memória via cartão SD, ou aparelhos com quantidades absurdas de memória interna como o Nokia N95 8 GB, podem se comportar como um imenso pendrive quando conectados ao computador via USB.

Na maioria dos casos você consegue acesso a todo o conteúdo do cartão de memória, o que é ótimo para colocar e tirar fotos e músicas do aparelho (basta arrastar e soltar). Em alguns modelos dá para acessar até a memória interna, o que pode ser útil para instalar temas e ringtones, por exemplo.

Este é outro recurso que uso aos montes, seja para transferir fotos e gravações de áudio que fiz em uma coletiva para o PC mais próximo, seja para levar arquivos do trabalho para casa. Costumo deixar no celular uma pastinha com alguns programas que uso sempre (no formato “PortableApps”), documentos de referência (material de press-releases recentes, cópias de artigos interessantes para ler depois) e cópias de artigos nos quais estou trabalhando no momento. Assim, se eu precisar usar um PC “desconhecido” não vou sentir falta de nada.

No iPhone não dá para fazer nada disso. Não só ele não funciona como pendrive, como o cabo usado para comunicação com o PC é proprietário. Enquanto isso, muitos dos celulares usam um cabo USB comum, o mesmo usado em câmeras digitais e MP3 players, muito mais barato e fácil de achar em uma emergência. E se eu esquecer o cabo do meu celular, posso transferir arquivos via Bluetooth. Já no iPhone… veja o item acima.

Expansão de memória: Admito que 8 GB de memória, em um celular, é muita coisa. Mas pode apostar que não por muito tempo. Lembro-me de que o primeiro HD que vi na minha vida tinha 20 MB e pensei “caramba, nunca vou encher tudo isso”. E isso foi em 1992. Pensei a mesma coisa com o pendrive de 2 GB que ficava no meu bolso até dois meses atrás, quando foi trocado por um modelo de 4 GB.

Como diria vovó: “Cautela, canja de galinha e espaço em disco não fazem mal a ninguém”. Os 8 GB vão começar a ficar “apertados” logo, especialmente se você tem uma coleção enorme de MP3 ou é doido por vídeos.

Na maioria dos smartphones do mercado basta espetar um cartão MicroSD para resolver o problema: mesmo os modelos mais simples suportam cartões de 1 GB, e os mais sofisticados aceitam cartões Micro SDHC, que atualmente chegam aos 16 GB. No iPhone você está limitado ao espaço oferecido pelo modelo que comprou: 8 ou 16 GB. Quer mais? Troque de aparelho por um modelo com mais capacidade.

Filmadora: Outra coisa legal, especialmente para quem tem crianças pequenas ou animais de estimação em casa ou trabalha com mídia como eu. A praticidade de sacar o celular do bolso e em um instante gravar aquela gracinha do seu gato ou um acidente na esquina é incontestável.

Quem aqui nunca viu na TV, especialmente nos últimos anos, um videozinho de uma passeata ou acidente gravado com um celular? Aparelhos com filmadora foram cruciais, por exemplo, nos protestos no Tibet contra a ocupação chinesa, em maio deste ano, ou nas passeatas contra o governo na Birmânia, em agosto de 2007. São pequenos, práticos e estão em todo lugar, muito antes das câmeras profissionais das estações de TV chegarem até o fato.

Mas se os presentes nestas manifestações estivessem usando o iPhone, não teríamos videos. Ele não tem a função “filmadora”, atualmente presente até nos celulares com câmera mais simples. Existem programinhas que adicionam este recurso ao aparelho, como o iPhone Video Recorder, mas eles são “não oficiais” e você precisa “hackear” o aparelho para instalá-lo. E se você fizer isso, não conseguirá atualizar seu iPhone com novas versões do sistema até desfazer o hack.

Videochamada: O garoto-propaganda dos serviços 3G, que dá aos novos aparelhos aquele ar de “século 21” (quem nunca assistiu aos “Jetsons” sonhando com um videofone?), também não dá as caras no iPhone. Se você olhar de perto muitos dos aparelhos 3G no mercado, notará uma minúscula lente geralmente pouco acima da tela. Ela é parte de uma câmera secundária, de baixa resolução, usada para vídeochamadas. Com isso, você pode ser filmado e ver a imagem da pessoa com quem está falando ao mesmo tempo.

O iPhone não tem esta câmera secundária, só a câmera principal de 2 MP na traseira. Mesmo que alguém crie um programa para fazer videochamadas usando esta câmera, só vai resolver metade do problema: ou você olha para a câmera, ou para a tela. Até que tentaram resolver esse problema com um “acessório” mas o resultado foi, digamos, menos que o ideal.

Câmera com Flash: Além da baixa resolução (apenas 2 MP), a câmera do iPhone não tem flash, o que a torna inútil em situações de pouca luz. Quer tirar uma foto com os amigos na balada? Esqueça, você só vai ver silhuetas em uma imagem quase toda preta.

A câmera do iPhone é boa o suficiente para fotografia casual em dias ensolarados ou dentro de casa com boa iluminação. Menos que isso e você vai precisar de sua câmera “de verdade”. Enquanto isso, a concorrência lança aparelhos com câmeras de 5 MP (LG Viewty), 5 MP com dual-flash, mais forte que o normal (Nokia N86) ou até 8 MP (Samsung Innov8).

Para ter uma idéia do que a câmera do iPhone é capaz, dê uma olhada no Camera Finder do Flickr, que organiza as fotos por modelo de câmera, antes de se decidir pela compra. Estas foram tiradas com iPhones. A título de curiosidade, também há fotos tiradas com a QuickTake 100 e QuickTake 200, as duas primeiras câmeras digitais produzidas pela Apple.

Rádio FM: Outra coisa mais comum que chuchu na serra e que faz falta no smartphone da Apple. OK, já posso ouvir alguns de vocês reclamando: “Mas quem vai ouvir rádio com 8 GB de espaço para MP3 e vídeos?”. Bom, boa sorte tentando conseguir uma “MP3” do jogo de seu time favorito, que está jogando aquele clássico imperdível no exato momento em que você está plantado no ponto de ônibus ou preso no engarrafamento, tentando voltar para casa.

É possível “contornar” esta ausência ouvindo estações de rádio que fazem streaming via web, mas para isso você vai precisar de um plano 3G com dados ilimitados (adicione mais R$ 99 à sua fatura mensal). O problema é que nem todas as rádios fazem streaming pela web e, nessa fase de implantação, nem sempre estamos em um local com boa cobertura de sinal 3G. Existem pontos da capital paulista onde, mesmo apesar do iconezinho “3G” na tela do meu aparelho, mal consigo ler minhas mensagens no GMail.

MMS: A sigla pode não ser conhecida (significa Multimedia Messaging Service – Serviço de Mensagens Multimídia), mas a idéia é bem simples e bastante usada. Mensagens MMS são como os “torpedos” ou mensagens de texto (SMS) que todo mundo usa o tempo todo, mas também podem conter fotos, vídeos e sons. Daí o “multimedia” no nome.

É um sisteminha bastante útil. Você pode usá-lo para mandar um clipezinho daquele megashow para seu amigo com um recadinho como “Olha o que você está perdendo!”, ou ganhar o coração da paquera com a foto de um buquê e a frase “Vi estas flores e lembrei de você” (Mas entregue o buquê pessoalmente depois!).

Qualquer celular atual com câmera e tela colorida consegue enviar e receber mensagens MMS, exceto o iPhone. A Apple prefere que você mande imagens e sons como anexos em mensagens de e-mail, o que vai pesar no seu plano de dados e não tem a mesma praticidade: você corre o risco do destinatário nunca receber a mensagem, porque ela caiu no filtro anti-spam.

Bateria removível: Deixei esta por último porque é um assunto bastante controverso. O raciocínio é o seguinte: a bateria do iPhone é lacrada dentro do aparelho. Isto trouxe uma vantagem para Apple, já que possibilitou que ela projetasse um smartphone mais fino. Mas é uma desvantagem para o consumidor.

Há pessoas que usam intensamente o celular e passam muito tempo na rua, que já se acostumaram a carregar duas baterias de celular na bolsa. Uma no aparelho e uma carregada “de reserva”, para trocar quando a primeira acabar e não houver uma tomada por perto para fazer a recarga. No iPhone não dá para fazer isso.

Entretanto, há acessórios que contornam o problema: eles funcionam como “baterias externas” que são plugadas ao conector na base do iPhone e recarregam a bateria interna. Geralmente eles armazenam energia suficiente para duas ou três recargas, e vem com um carregador rápido de parede para sua própria recarga quando você encontrar uma tomada.

A questão da bateria tem outra faceta: baterias tem uma vida útil limitada, e “morrem” depois de um determinado número de recargas. Claro que, em modelos modernos, isso provavelmente não irá acontecer durante a vida útil do aparelho (até lá você já o trocou por algo mais sofisticado), mas é algo a considerar.

E mesmo que a troca não seja necessária, pode ser desejada: algumas empresas fabricam baterias de “alta capacidade” para smartphones populares, com autonomia maior que as originais do fabricante. No iPhone, isso novamente não é possível.

1 Comment:

Fa Azevedo said...

Ola adorei o blog, homepage..., posso afirmar que o iPhone nao tem muitas funçoes perante aos outros celulares no mercado, mas e' indiscutivelmente o melhor celular que tive ate hoje.
Moro no Canada e aqui tem muito subsolo e ele funciona perfeitamente em qualquer lugar, sem dizer como ja disse sobre o design, a parte funcional e' muito mais pratica e a funçao de internet e' clara e bastante rapida.
Concordo que no caso da filmadora eles pecaram bastante em nao colocar esta funçao no celular.
Vou adiciona-lo no meu blog!
Prazer em conhece-lo